Ficha de Leitura IV - Florbela Estrada [24176 TE]

A observação constitui uma das diferentes técnicas de avaliação psicológica bastante utilizada.

Em termos de senso comum e sabedoria popular esta constitui um dos métodos comummente utilizado no nosso dia-a-dia, a qual funciona de forma quase automática e sem que, grande parte das vezes, o avaliador e/ou avaliado se aperceba disso. É pratica corrente efectuar uma primeira análise sempre que somos confrontados com um sujeito, mesmo que de forma acidental ou não intencional (pelo menos de forma consciente), que nos desperta atenção por qualquer razão. É comum fazerem-se avaliações físicas e mesmo de algum carácter psicológico.

No entanto, para que a observação constitua uma técnica de avaliação psicológica com de carácter científico (logo considerada válida em termos avaliativos) terão que ser considerados alguns critérios, métodos e técnicas a utilizar com vista à validação dos seus resultados.

A observação em contexto de avaliação psicológica constitui uma técnica bastante utilizada e considerada muito útil. No entanto também requer grande rigor e controle de erros e/ou inviesamento, os quais poderão ocorrer tanto por parte do observador, como do observado.

Há que considerar numa fase muito precoce da observação, alguns aspectos fundamentais, como: o que observar; o que se pretende medir; como e onde efectuar a observação. As duas situações possíveis de observação são as realizadas em contexto natural ou em situação controlada. Qualquer delas tem vantagens e desvantagens e deverão ser consideradas em função do objectivo da avaliação, sendo que a primeira nos fornece uma maior validade externa, a segunda pelo contrário condiciona este tipo de validade e torna-se mais implícita a obter resultados ao nível da validade interna do sujeito observado, na medida em que não podemos descorar o carácter único de cada indivíduo.

O rigor e fidelidade das técnicas de observação permitirão assim obter um maior ou menor nível de validade dos resultados. A aplicação desta técnica pressupõe considerar, apesar da observação por norma poder ser dirigida apenas a um indivíduo, um conjunto de circunstâncias e contextos ambientais e sociais do sujeito observado, bem como relatos de pessoas que lhe são próximas a pedido do avaliador ou relatadas após observação não intencional, bem como outros métodos de recolha de informação (cartas, diários, etc..).

Em qualquer das situações cabe ao observador ser criterioso nas técnicas a introduzir e selectivo na informação recolhida e considerada pertinente para o caso ou situação.

Uma das técnicas de reprodução artificial duma situação natural é a designada de role-playing (ensaios de conduta). Foi com base nesta técnica que a Professora desafiou os alunos a reproduzirem. Assim, e como consta do nosso relatório de grupo foi observada uma senhora bibliotecária, à qual já tínhamos atribuído um comportamento um pouco “bizarro”.

Esta observação foi realizada durante um curto espaço de tempo e na qual foi registada a regularidade com que o comportamento em observação ocorreu, descorou-se no entanto o facto da pessoa em questão não saber que estava a ser observada, com o objectivo de que ela não alterar aquele comportamento habitual em específico, pelo facto de ter conhecimento da observação (apesar de conscientes da necessidade de consentimento informado por parte desta).

No entanto, considero que poderia ter sido uma experiência bastante mais enriquecedora se tivéssemos conhecimentos sobre o que fazer com os dados observados. Dada a falta de informação sobre as técnicas de análise a utilizar, em concreto sobre a forma de analisar os resultados, a nossa experiência ficou um pouco aquém das minhas expectativas.

Tal como referi inicialmente, a observação é uma técnica que permite efectuar avaliações sobre um determinado sujeito e é aplicada diariamente de forma comum, mas apenas nos permite obter resultados subjectivos, informais, não fiáveis e sem qualquer objectivo de utilização dos mesmos.

Pelo contrário, esta técnica, como método de avaliação psicológica implica um elevado rigor e fiabilidade visando a obtenção de resultados possíveis de serem generalizados e assim efectuar comparações entre sujeitos com o objectivo de modificar, orientar ou analisar comportamentos, acções, consoante o contexto e objectivos da própria avaliação.

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