Ficha de Leitura I - Carla Tanganho [24134]

O texto a trabalhar para esta primeira ficha de leitura permitiu-me conhecer e aprofundar aquela que é a base de trabalho de qualquer psicólogo: a avaliação psicológica. Este processo reveste-se, a meu ver, de grande interesse, uma vez que uma boa preparação a este nível é o ponto de partida para sermos bons profissionais na área da psicologia aplicada. É, pois, importante conhecer as suas regras, os seus métodos e procedimentos, uma vez que tal só nos beneficiará a nós enquanto profissionais e aos próprios indivíduos que eventualmente procurarem a nossa ajuda, na medida em que encontrarão alguém capaz de dar uma resposta eficaz ao seu pedido.

A avaliação psicológica constitui, antes de mais, um grande desafio. Isto porque o seu objectivo primordial é o de avaliar o comportamento humano, e cada pessoa é um mundo. Encontram-se, assim, inerentes a qualquer processo de avaliação psicológica os seus procedimentos de cariz científico, indispensáveis à obtenção de conclusões dotadas de rigor e exactidão. Tal passa pela existência de uma série de etapas no decorrer deste processo, as quais possibilitarão uma análise estruturada e exaustiva do caso em mãos. Contudo, essas etapas encontram-se dependentes do método a utilizar, o qual pode ser correlacional ou experimental, sendo estes os dois grandes métodos em torno dos quais se orienta a avaliação psicológica. Assim, no caso do método correlacional temos quatro etapas, enquanto no método experimental temos nove. O motivo para tal discrepância prende-se com os objectivos específicos subjacentes a cada um dos métodos. Portanto, algo que sei agora é que quando se pretende simplesmente uma descrição ou predição com vista a uma orientação, diagnóstico ou selecção, deveremos optar pelo método correlacional. No entanto, quando o objectivo é explicar e modificar determinados comportamentos, o método a eleger será o experimental, o qual emprega, tal como o seu nome diz, técnicas experimentais para verificar as hipóteses previamente formuladas. Todo o processo de avaliação psicológica se assemelha, assim, a um processo de investigação, tal como aprendemos nas aulas teóricas, visto que se traçam objectivos, identificam-se variáveis, formulam-se e testam-se hipóteses e tecem-se conclusões baseadas em análises de dados rigorosas.

Porém, algo que julgo ser bastante importante, e que nos foi transmitido nas aulas teóricas, é o facto de não nos podermos esquecer que, apesar de a avaliação psicológica pressupor todo um procedimento altamente científico, acarreta igualmente um elevado grau de subjectividade, fruto das inferências que espontânea e inadvertidamente realizamos. Tal deve-se ao facto de nos guiarmos por heurísticas, as quais nos levam muitas vezes a fazer julgamentos errados em termos da análise que fazemos das pessoas e das situações. Enquanto psicólogos temos, assim, o dever de estar conscientes da possibilidade de cometermos erros inferenciais e, portanto, de estar atentos e realizar continuamente um certo exercício de auto-monitorização dos nossos pensamentos relativamente ao outro. Tal será, julgo eu, o melhor caminho a seguir numa tentativa de evitar potenciais enviesamentos, e sei que enquanto futura psicóloga devo ter plena consciência deste tipo de limitações que acabam por poder constituir um entrave ao eficaz exercício desta exigente profissão.

Em conclusão, a ideia geral com que fiquei do processo de avaliação psicológica é a de um trabalho extremamente moroso, que exige um enorme rigor e empenho por parte de quem o realiza. Exige tempo, atenção e dedicação, pelo que acredito que algo fundamental para o elaborar correctamente seja um imenso gosto por aquilo que se faz, por saber que se está a contribuir para uma mudança qualitativa e positiva na vida de alguém, possibilitando-lhe de algum modo uma melhoria da qualidade da mesma. Algo que percebi também foi a importância de primeiro caracterizar e só de seguida intervir, o que ficou bastante explícito com a apresentação do caso JM. Outra conclusão à qual cheguei com a ajuda deste exemplo foi a de ser extremamente importante “pensar em tudo” aquando da análise de um caso, não descurando o mínimo detalhe nem deixando nenhum pormenor ao acaso. Todas as peças que possamos encontrar são, pois, fulcrais à conclusão do puzzle, por assim dizer.

Não obstante ter adquirido conhecimentos importantes com a realização desta ficha de leitura, sei que na prática as coisas serão bem diferentes, e confesso que quando imagino como será, de facto, realizar uma avaliação psicológica sinto alguns receios que obviamente se prendem com a inexperiência. Acredito que por mais conhecimentos teóricos que alguém possua relativamente a um determinado assunto, nada substitui a sua prática. No entanto, também acredito que quanto melhor for a preparação teórica que possuirmos, menores serão as dificuldades que enfrentaremos, e é isso que me dá esperança no que respeita a vir a tornar-me uma boa profissional na área da Psicologia.

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