Ficha de Leitura V - Telma Ourives [18333]

O instrumento de avaliação que precede qualquer tipo de intervenção ou processo de tomada de decisão é a entrevista. A entrevista é um procedimento bastante utilizado, na medida em que pode dar resposta a variadíssimos objectivos, como por exemplo, recolher informação no âmbito da avaliação e da intervenção, indagar acerca de características da personalidade, estratégias, competências, entre outras. Esta é uma das técnicas que se podem utilizar em qualquer contexto, conseguindo a mais variada informação. A entrevista é, pois, uma forma particular de interacção verbal e não verbal entre entrevistador, neste caso o psicólogo, e entrevistado, o cliente/paciente.

A primeira entrevista, é normalmente o primeiro contacto entre psicólogo e cliente, e esta que servirá de base para a elaboração das primeiras hipóteses e consequente planificação da intervenção. Esta primeira entrevista poderá ter variadíssimos objectivos – avaliação de problemas susceptíveis de mudança, estabelecimento de diagnóstico, orientação ou selecção –, dependendo dos contextos onde se utilizam (clínico, organizacional, educacional, etc.).

Importa referir que o psicólogo deve ter em consideração as circunstâncias em que a entrevista inicial foi solicitada, ou seja, se foi solicitada pelo paciente em causa, sugerida ao cliente por outro profissional, ou se lhe foi imposta. Este pequeno pormenor pode fazer toda a diferença, uma vez que a abertura do paciente/cliente ao entrevistador poderá ser condicionada por esse facto. O psicólogo tem, pois, que ter um grande jogo de cintura, uma grande capacidade de adaptação e flexibilidade para conseguir com todo o tipo de pessoas que tem de consultar ou entrevistar, neste caso. É necessária uma grande dose de experiência e competência por parte do psicólogo para lidar com todos os tipos de casos e tipos de pessoas, todas elas diferentes, com maneiras diferentes de pensar, com maior ou menor abertura, como maior ou menor resistência, com problemas maiores ou menores, etc.

A entrevista tem a vantagem, relativamente a outros métodos, do psicólogo/entrevistador estar em contacto directo com o entrevistado, podendo ouvi-lo e ao mesmo tempo observá-lo, lendo-lhe os gestos e diferentes expressões, aprofundando o conhecimento acerca dessa pessoa duma forma mais subjectiva. No entanto, é importante o entrevistador não fazer juízos de valor, nem fazer ilações precipitadas, há que dar tempo ao tempo e auxiliar-se de outros métodos para comprovar as suas hipóteses.

À entrevista estão aliadas duas fontes de erros, por um lado, o facto de a informação obtida através da entrevista se basear em informação dada na primeira pessoa, pelo próprio indivíduo e, por outro lado, a dificuldade que se tem de separar a entrevista enquanto técnica de uma conversa informal/convencional. É imperativo o psicólogo combater esse facto e tomar, desde logo, uma postura profissional enquanto psicólogo, não deixando de ter, como é óbvio, uma atitude empática para com o sujeito.

À semelhança da tarefa de observação, também neste caso foi solicitada pela professora a realização de duas situações de entrevista para compreendermos como se elaboravam guiões de entrevista, como filmávamos, como todo este processo decorre. O nosso grupo resolveu, então, fazer duas entrevistas, uma em contexto clínico com adulto, outra em contexto organizacional. A primeira dificuldade com que nos deparámos foi a realização dos guiões, pois, estas seriam duas situações simuladas e não tínhamos muita informação disponível na testoteca por onde nos poderíamos orientar. Mas, com alguma pesquisa na internet conseguimos fazer os nossos guiões. Realizámos as entrevistas, nas quais posso até dizer que nos divertimos bastante e realmente conseguimos perceber qual a postura a tomar, qual a melhor forma de abordar o cliente/paciente, entre outras coisas.

No entanto, e mais uma vez, acho que era importante termos algum feedback por parte da professora, pois mais uma vez as coisas foram feitas à nossa maneira, da forma que pensámos ser a mais correcta, mas não temos a certeza se realmente as entrevistas devem ser feitas assim. E agora as aulas já acabaram, as notas saem e nós nunca vamos saber se realmente conseguimos ou não alcançar os objectivos delineados pela professora relativamente aos trabalhos efectuados.

Quero também realçar aqui, nesta última reflexão, a importância do trabalho em grupo, este foi deveras proveitoso para mim e acho que para o meu grupo em geral. Este permitiu-nos a troca de impressões, experiências, opiniões e até mesmo o confronto de ideias contrárias, permite pois um espaço de discussão e de evolução de nós mesmos enquanto pessoas individuais e enquanto pessoas inseridas num grupo de trabalho. Deve-se realmente valorizar o trabalho em grupo, pois, cada vez mais, à semelhança dos países europeus, é necessário saber trabalhar em grupo, saber cooperar e colaborar, saber respeitar as ideias uns dos outros e chegar a um consenso.

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