Relatório Vera Santos [25322]

1. Introdução

O objecto de estudo da avaliação psicológico é o estudo científico do comportamento do sujeito ou de um grupo de sujeitos. Neste procedimento, a avaliação assume uma importância extrema, visto que, este mesmo processo permite a descrição, classificação e, por vezes a predição do caso.
Inicialmente, o processo de avaliação restringia-se a aplicar somente testes. Isto prende-se com a procura deste recurso essencialmente por psiquiatras e educadores, que pretendiam comparar os diagnósticos por eles realizados. Gradualmente, foram-se introduzindo técnicas no âmbito da avaliação, permitindo transformar o que era apenas baseado em testes em objectivos que o sujeito pretenda alcançar.

1. O processo em função das metas da avaliação

As perguntas que são importantes para o sujeito, tais como, será que é um psicótico ou então um neurótico? ou, como podemos controlar o seu medo de andar de avião? são respondidas através da descrição, classificação, predição, explicação e controle do comportamento humano. Ao agruparmos este tipo de perguntas, entendemos que a avaliação realiza-se em função de quatro categorias de perguntas, são elas, as de diagnóstico, orientação, selecção e tratamento e de mudança.
Assim, a primeira fase/meta do processo avaliativo é o diagnóstico. Este revela-se, entre outras coisas, útil para a predição do decurso provável de um caso, do mesmo modo que facilita a comunicação entre os especialistas.
Já a orientação é outra fase da avaliação através da qual o estudo psicológico do sujeito realiza-se com o objectivo de ajudar o cliente a tomar decisões ou estabelecer planos de acção para o futuro.
A avaliação pode igualmente recorrer ao processo de selecção no caso de existir informação recolhida, acerca do sujeito ou grupo de sujeitos, que permita escolher a pessoa mais apta para desempenhar determinada tarefa. É, no entanto, importante referenciar que, este tipo de avaliação que trata da selecção de pessoas para determinados cargos, contém características que a distingue das restantes formas de avaliação.
Por último, o tratamento e mudança do comportamento do sujeito é outra meta possível no processo avaliativo. Este intervém na produção de mudanças positivas no comportamento do indivíduo, par, grupo, ou ainda organização.

2. O processo: enfoque correlacional (descritivo)

Para o estudo científico do sujeito é feita uma recolha de informação através de um conjunto de técnicas, testes ou instrumentos. Este processo de investigação realiza-se em quatro fases são elas, a observação, a formulação de hipóteses e dedução de conclusões, a verificação destas mesmas conclusões e, por fim, a informação de resultados acerca dos objectivos científicos e metas aplicadas.


Fase 1: Primeiro recolhimento da informação sobre o caso

O psicólogo assume-se como um observador participante, recolhendo, por isso, informação acerca do caso. Terá, igualmente que especificar o pedido e criar objectivos para o caso, bem como estabelecer as condições históricas e actuais potencialmente relevantes. Consequentemente, o primeiro objectivo do psicólogo na avaliação psicológica é a de clarificar o pedido, ou seja, entender porque o sujeito vai para o psicólogo. Por outro lado, e visto em muitas situações iniciais não existir objectivos claros, o psicólogo necessitará de realizar uma breve guia de indicações. São elas, o porquê da solicitação da avaliação, o que se pretende com a avaliação e, quais são os comportamentos que, inicialmente, vão constituir o objecto de análise. Esta primeira tentativa de análise deverá atender mediante algumas técnicas específicas, como por exemplo, a entrevista ao sujeito. Tal como já foi referido, o psicólogo terá seguidamente que especificar as condições históricas e actuais potencialmente relevantes que vão ao encontro de parte da história do sujeito, tais como, algumas circunstâncias familiares e sociais significativas, condições educativas, ou ainda biológicas (seu habitat, condições familiares sociais e económicas, estilo de vida, entre outros). Estes acontecimentos podem, de facto, ajudar a formular hipóteses sobre o caso, no entanto, não podemos esquecer que são “ministrados” mediante uma entrevista que apenas reconstituirá o que ocorreu, não tendo por isso um forte teor de fiabilidade. Assim, o papel do avaliador será o de auxiliar-se de dados de arquivo, informações que possam contrastar com a história do sujeito.

Aqui temos um exemplo que explique esta primeira fase: “ O caso prende-se com um menino de 7 anos a que chamaremos de JM. Os pais levaram o menino ao psicólogo a fim de se realizar um tratamento sobre ele. Os pais estão preocupados com JM, pois ele apresenta fracos resultados escolares. Junto do psicólogo, procuram saber como tratar o menino, fazendo, por isso um estudo detalhado sobre JM e decidir, posteriormente, se pedirão um tratamento especial para ele. Fazendo a recolha biográfica de JM, percebeu-se que ele teve alguns problemas de saúde após seu nascimento. No entanto, o seu desenvolvimento não apresentou qualquer tipo de problema, a não ser respeitante a aprendizagem da leitura e escrita, na qual teve o apoio da mãe. Os resultados escolares revelaram ser insatisfatórios desde o ano passado. No entanto, o seu comportamento em casa, bem como os exames médicos a que foi submetido não revelam qualquer tipo de “anormalidades”. Os pais teimam que sejam um problema de foro cerebral. Na sua primeira entrevista com o psicólogo, JM não revela ter problemas no que diz respeito ao seu desenvolvimento físico ou cognitivo. No entanto, os seus pais revelam que JM prefere praticar desporto do que ficar a estudar, ocupando grande parte dos seus dias nesta tarefa. Praticamente não realiza os trabalhos de casa. Quanto à sua educadora, esta afirma que JM é uma criança hiperactiva, demonstrando que os seus níveis de habilidades escolares são fracos. Deste modo, entende-se que JM terá problemas no seu contexto escolar, visto não apresentar dificuldades nas restantes áreas”.
Toda a informação recolhida, bem como a contextualização assim realizada permitirão passar para a segunda fase de avaliação.


Fase 2: Formulação de hipóteses e dedução de enunciados verificáveis

Esta fase tem como principal função analisar as observações e informações recolhidas, baseadas em dados empíricos devidamente comprovados. Para que esta função seja bem desempenhada é necessário que o avaliador tenha conhecimentos sobre as funções psicológicas, as covariações bem estabelecidas entre as classes de resposta, os fundamentos fisiológicos e neurológicos da conduta, as variáveis que controlam a conduta normal.
Para a formulação das hipóteses é necessário seguir fundamentalmente quatro pressupostos: quantidade; semelhança; associação predictiva e; relação funcional ou explicativa.
É assim necessário relacionar os pressupostos com os objectivos da avaliação para que se possa ajudar o cliente.

De acordo com o exemplo de JM foram formulados as seguintes suposições:
- JM tem um fraco rendimento escolar;
- O seu fraco rendimento não está associado a um baixo rendimento intelectual;
- Há uma associação entre o fraco rendimento e as condutas escolares, como a desatenção e a hiperactividade.

Para que estas hipóteses sejam verificáveis é necessário realizar uma selecção das variáveis a analisar; escolher técnicas concretas e o procedimento a seguir. A dedução dos enunciados permite verificar as hipóteses, estabelecer um procedimento rigoroso dos dados e comprovar a validade dos mesmos.
No caso do JM, as variáveis a ter em conta são:
1. As condutas do rendimento escolar;
2. Disfunção cerebral, competências intelectuais;
3. Contingências ambientais das condutas facilitadoras e perturbadoras do rendimento.

As técnicas escolhidas para analisar o caso foram: as qualificações escolares como medida do rendimento; Escalas WISC e Terman Merill para medir as competências intelectuais; QNST e teste de retenção visual de Benton com o objectivo de desenhar um problema cerebral. O “código de observação de condutas perturbadoras na aula” de O’ Leary et al. com o objectivo de comprovar a frequência das condutas; e a Matriz de interacções entre mãe e filho para distinguir os antecedentes existentes de condutas facilitadoras ou inibitórias.
O que se pôde deduzir foi:
- As qualificações de JM são muito baixas;
- JM obteve um QI superior a 100 quer no Terman Merill como na Escala WISC;
- No teste de Berton fez 4 pontos e menos de 11 erros;
Na observação da aula comprovou-se as seguintes condutas: levantar-se da cadeira, fazer barulho e não realizar as tarefas propostas;
- Na matriz de interacções concluiu que a mãe dá atenção ás condutas perturbadoras mas que não dá atenção às condutas facilitadoras.

O procedimento a realizar foi o seguinte: A aplicação da WISC, Terman Merill, QNST e teste de retenção visual. Houve uma observação das interacções entre mãe e filho durante duas semanas de escola num período prévio de habituação. Durante dois períodos de 20 minutos para cada um, observou-se as condutas da mãe e do filho. No primeiro período observou-se o código de condutas perturbadoras na aula. No segundo período observou-se o código de interacções.

Fase 3: Contrastação inicial

A terceira fase do processo de avaliação consiste em aplicar técnicas e analisar os resultados. As técnicas escolhidas devem ser aplicadas de acordo com o caso em particular e com uma metodologia prevista. De seguida deve haver uma comprovação e validação dos dados. Uma vez comprovadas as hipóteses e verificadas experimentalmente tem-se informações sobre o sujeito a fim de cumprir as metas iniciais.
No caso JM depois da aplicação das técnicas e da recolha de informação obteve-se os seguintes dados:
- JM apresentava qualificações insuficientes quer no 1º quer no 2º ano do curso de EBG.
- Na WISC obteve um QI de 111, com um QI verbal de 110 e um QI manipulativo de 107. O seu rendimento intelectual é “normal alto”.
- No Terman Merill, JM obteve uma idade mental de 8 anos e 6 meses e um QI de 120. Obteve um rendimento mais baixo em provas de memória e concentração.
- No “teste de retenção visual” de Berton não existe comprovação de que sofre de perturbação na memória visual associada a disfunções cerebrais.
- No “ Código de condutas perturbadoras na aula” apresenta 35% de desatenção nas tarefas, 37% de respostas de orientação, e 12% de respostas de “ levantar-se da cadeira”.
- O QNST conclui que o seu rendimento não está associado a problemas cerebrais.
- A matriz de interacções concluiu que 80% das condutas perturbadoras de JM eram seguidas pela atenção da mãe, e 100 % das condutas facilitadoras não eram acompanhadas pela atenção da mãe.
O rendimento escolar de JM está dependente da desatenção e da hiperactividade nas aulas.

Fase 4: Resultados: descrição, classificação, predicção e tomada de decisões

Esta fase tem por objectivo informar sobre os resultados da avaliação e dar resposta aos objectivos e metas propostas. No entanto o trabalho do avaliador não termina aqui, ainda terá de realizar um novo processo de avaliação e modificação experimental.
No caso de JM os pais foram informados sobre a avaliação. Foi-lhes notificado que o rendimento intelectual de JM era “normal- alto” e que as provas neuropsicológicas tinham resultados negativos. A sua falta de rendimento escolar estava associada a desatenção e hiperactividade nas aulas e as condutas inibitórias do rendimento obtiveram resultados positivos.
Foi recomendado que JM fizesse um tratamento conductual para eliminar as suas condutas perturbadoras de rendimento escolar, e que moldasse a sua conduta facilitadora quer na escola quer em casa. Os pais aceitaram a intervenção. Assim terminou a avaliação de JM.

O processo: A sua vertente experimental, (interventiva e valorativa)

Quando se pretende obter mudanças no comportamento torna-se necessário adoptar uma vertente mais experimental do processo que nos remete para um processo extenso de avaliação, intervenção e valorização psicológica. Este é um processo, á partida, idêntico ao processo correlacional, até porque qualquer processo interventivo requer de inicio uma avaliação descritiva que serve para depois formalizar hipóteses funcionais que serão tratadas através da manipulação experimental de forma a obter resultados que nos permitam saber até que ponto as condutas -problema são passíveis de mudança mediante as variáveis relevantes ao problema. As fases desta variável experimental do processo são nove, das quais as primeiras quatro são idênticas às da variante correlacional. São elas:
1. Primeira recolha de informação com especificação do objectivo e do problema
2. Primeira formulação de hipóteses
3. Contrastação
4. Resultados
5. Formulação de hipóteses funcionais
6. Recolha de dados pertinentes ás hipóteses e aplicação do tratamento
7. Valorização do tratamento
8. Resultados finais
9. Seguimento

Fase 1 – Primeira recolha de informação com especificação do objectivo e do problema

Na etapa 1 o avaliador tem que estabelecer os objectivos e o problema e de seguida recolher informação sobre as condições históricas ambientais, pessoais e biológicas relevantes. Isto requer que o avaliador: a) observe a recolha de informação inicial sobre as condutas problema, b) observe a recolha de informação sobre as condições sócio - ambientais actuais e passadas e c) explorar as condições pessoais potencialmente relevantes ao caso. Nesta fase alem de a recolha de informação ser de amplo aspecto o próprio marco referencial teórico do avaliador guiará esta fase do processo. As fontes de informação são o próprio sujeito, os seus próximos assim como a própria situação de exame.

Fase 2 – Primeira formulação de hipóteses

A segunda etapa procura-se estabelecer condições que possam estar associadas ao problema, como variáveis do ambiente ou mesmo variáveis biológicas, formulando assim, pela primeira vez, hipóteses. Como estes supostos mantêm elevados graus de generalidade facilita-se a sua formulação através de técnicas de avaliação:
a) Seleccionar os procedimentos de recolha de informação para a especificação e medição do problema.
b) Seleccionar os procedimentos de recolha de informação sobre as variáveis ambientais que possam determinar ou ter determinado o problema ou o mantenham.
c) Seleccionar os procedimentos de recolha de informação sobre as variáveis pessoais que possam estar funcionalmente relacionadas com o problema.
d) Estabelecimento de exames biológicos pertinentes se for o caso.
Mais uma vez este processo e mediado pelos conhecimentos e aptidões do avaliador.

Fase 3 – Primeiros resultados

Na terceira etapa o objectivo é verificar os supostos já emitidos anteriormente aplicando as técnicas e tês relativos á operacionalização das condutas problema e variáveis supostamente relevantes. Neste momento a experiência do avaliador relativa a aplicação dos testes elegidos é de grande importância.

Fase 4 – Formulação de hipóteses funcionais

A quarta fase é onde os primeiros resultados são obtidos. Nesta altura o avaliador está já preparado para remeter ao sujeito de análise e seus próximos a informação relevante acerca do caso e para formular novos supostos desta vez empiricamente encontrados. Neste caso a informação é passada ao sujeito só oralmente ao contrário do que acontece na vertente correlacional.

Fase 5 – Recolha de dados pertinentes ás hipóteses e aplicação do tratamento

Os objectivos base da fase 5 são formular hipóteses funcionais (condutas problema a modificar e variáveis a tratar) e deduzir predições verificáveis. Durante esta fase são três as tarefas base: a) estabelecimento de instrumentos de medida, que actuarão como variáveis dependentes, e de critérios de mudança, b) selecção e medição das variáveis independentes a manipular (as responsáveis pela conduta problema), c) selecção das técnicas de manipulação das variáveis independentes.

No caso de JM tomam-se como medidas de mudança as sua classificações escolares. Assim o rendimento deficitário está associado a falta de atenção e hiperactividade apresentadas nas aulas (segundo pontuações do “código de condutas descritivas), e mantidas pela atenção que lhes dá a professora (segundo o código de interacções). Tais condutas diminuíram assim que a professora deixou de lhes dar atenção e as condutas facilitadoras de rendimento não estão associadas a contingências positivas tanto em casa como na escola (“código de interacções”). Posto isto, JM melhorará as suas classificações escolares quando prestar atenção e deixar de agir hiper activamente nas aulas e será reforçado com actividades facilitadoras do rendimento. Ora a técnica de manipulação seleccionada foi um programa de reforço contingente de comportamentos facilitadores de execução e a extinção das condutas de falta de atenção e hiperactividade nas aulas.

Fase 6 – Valorização do tratamento

Na fase 6 pretende-se analisar os objectivos planificadores e avaliativos sem especificar os interventivos. Assim o psicólogo deve estabelecer: a) o plano de intervenção e valorização através do qual serão contrastadas as hipóteses, b) selecção e aplicação das técnicas de avaliação e controlo das possíveis variáveis intervenientes e contaminadoras, c) a avaliação continua do progresso do tratamento.

Tendo como exemplo JM, utilizou-se um plano para um só sujeito com medidas repetidas das suas classificações escolares, em cada avaliação, desde o seu primeiro curso de EGB até ter passado pelo menos um ano depois do tratamento. Isto além de um plano também para um só sujeito pré-proptest com seguimento em que se incluirão as variáveis dependentes “Não atenção”, “hiperactividade” e “ condutas facilitadoras nas aulas”.


Fase 7 : Contraste de hipóteses e avaliação do tratamento

Esta fase do processo experimental de avaliação e modificação de conduta é puramente avaliativa e exige os seguintes passos: Em primeiro lugar, a realização de uma re-avaliação do caso, para que seja comprovado o cumprimento das previsões referentes à mudança das condutas problema e à influência do tratamento sobre as supostas variáveis relevantes relacionadas com as mesmas. É também necessário comprovar se não foram apresentados novos transtornos com a melhora dos transtornos tratados.

Relativamente à avaliação dos resultados do tratamento há que enunciar os diferentes tipos de critérios utilizados: o critério experimental, que faz referência à significância empírica da mudança observada como resultado de se ter aplicado uma determinada intervenção terapêutica quando se compara o nível prévio à introdução da mesma e critério aplicado clínico ou terapêutico, entre os quais se encontram discrepâncias consideráveis; e o critério clínico ou terapêutico que tem a ver com a importância subjectiva e social que representam para o sujeito as mudanças de conduta verificadas com o efeito do tratamento. Para que se obtenham também conclusões cientificamente válidas, além das impressões maleáveis, devem ser utilizados ambos os critérios.

Resumindo, a valorização positiva de resultados implica a verificação das hipóteses explicativas sobre o caso, assim como o das metas de mudança. Se não se tivesse obtido confirmação das suposições formuladas ou se se tivessem produzido novos transtornos, impor-se-ia a reconsideração do processo nos seus diferentes níveis de avaliação da situação problemática, tendo necessariamente de volta à segunda ou quinta fase do processo.
Por exemplo relativamente a JM, e seis meses de tratamento constatou-se uma melhora significativa das qualificações escolares obtidas nas avaliações finais do mês de Junho em comparação com as do ano anterior. Diminuição das condições pessoais categorizadas como “desatenção” e “hiperactividade”. Aumento das condutas categorizadas como “facilitadoras do rendimento” na escola e em casa. Não se verificaram outros transtornos na conduta. A constatação da melhoria experimentada no rendimento escolar de JM foi detectada tanto empiricamente, mediante a análise das suas qualificações, como mediante a impressão dos pais e professora de que a criança tinha o rendimento adequado.

Fase 8 : Resultados
O processo de avaliação termina informando ao sujeito e/ou seus familiares dos resultados obtidos, ainda que este intervenha nesta fase, como avaliador da sua própria mudança. Geralmente, faz-se verbalmente. No entanto, outras vezes, é necessário que o avaliador redija uma informação escrita cujos pormenores se apresentam no capítulo seguinte.

Fase 9 : Seguimento

Esta fase implica uma nova avaliação passado um determinado tempo desde a aplicação do tratamento. Os objectivos desta fase são os mesmo que da anterior, uma vez que implica a comprovação se se mantiveram os resultados do tratamento, para o qual será necessária uma nova recolha de dados dos mesmo modo que na fase anterior. Os passos a seguintes são: Em primeiro lugar, a nova toma de contacto com o sujeito; em segundo lugar, deverá ser feita uma nova avaliação das condutas implicadas no problema; em seguida, os dados registados têm que ser analisados, estabelecendo comparações com os obtidos antes e imediatamente depois do tratamento. No caso de se terem mantido os resultados provocados pelo tratamento aplicado, isto avaliará as nossas hipóteses; de outro modo será necessário voltar a uma nova formulação de hipóteses.

Continuando com o exemplo constatou-se que passado 1 ano da finalização do tratamento de JM, este mantinha qualificações escolares adequadas, hábitos de estudo em casa e um predomínio das condutas facilitadoras frente às inibidoras no rendimento em turma.
Tanto a avaliação positiva dos resultados obtidos durante e anteriormente ao tratamento como os obtidos seguidamente, resultam em procedimentos de validação do próprio processo de avaliação. Este processo juntamente com a validação das hipóteses explicativas e a conquista das metas de mudança, permite a comprovação empírica do procedimento de avaliação. O avaliador realiza o seu trabalho também sobre evidências empíricas, mediante processos cognitivos ajustados às fases enunciadas.

5 – Indicações

No processo correlacional utilizam-se técnicas, tais como a observação, os testes ou outras técnicas de recolha de informação. Se, nalgum caso, se utilizam técnicas nas quais se manipula alguma variável com o fim de observar os seus efeitos sobre a execução do sujeito num teste, com ele não se pretenderá mais que chegar a estabelecer previsões sobre os efeitos de futuros tratamentos sobre o comportamento. Nunca, durante o processo correlacional, se chega a uma verificação experimental das hipóteses formuladas, senão, apenas, à descrição, classificação, previsão probabilística da conduta do sujeito (ou grupo de sujeitos); este processo será indicado quando não se pretendem mudanças de conduta, ou quando essas mudanças vão ser produzidas por outros especialistas, os quais não vão recusar a ajuda do avaliador da avaliação ou quando, se ocorrerem mudanças posteriores à avaliação e mediados por esta, estes não serão provocados, nem valorizados ou seguidos pelo avaliador.
No processo experimental, a utilização das técnicas metódicas antes assinaladas, realiza-se com a intenção da operacionalização do problema e das variáveis relevantes com ele relacionadas; entretanto, na hora de se verificar as suposições formuladas, aplicam-se técnicas experimentais. Com ele consegue-se tanto a explicação funcional da conduta como a validação do processo avaliativo.

Ambos os processos diferem, tanto no procedimento de verificação de hipóteses como nos objectivos que com eles se podem procurar, porém, quando ambos os processos se sucedem, o correlacional precede o experimental e supõem uma primeira fase a partir da qual se formulam enunciados funcionais sobre o caso, provando estes mediante a aplicação de tratamentos, ou seja, ambos podem ser engrenados de tal modo que formem um só processo de avaliação e intervenção psicológica.

6 – As técnicas segundo o processo de avaliação psicológica

Ao longo da descrição de ambos os processos de avaliação tivemos o cuidado de enunciar algumas das técnicas distintas frequentemente utilizadas na hora de recolher informação sobre o caso. Os parâmetros fundamentais utilizados para encarar, hierarquicamente, as técnicas de avaliação, são: o custo que supõe um determinado procedimento e o seu nível de especificidade e rigor. Os procedimentos de avaliação utilizados ao longo do processo devem ir ganhando em especificidade, rigor e exactidão. A maior parte das técnicas consideradas de “1º nível” são de auto-informes, o que implica enviesamentos procedentes do próprio sujeito que podem contaminar os resultados. Ao longo do processo devemos ir ganhando em especificidade e em precisão da medida. Tratar-se-á, pois de ir contrastando com múltiplos métodos e múltiplas fontes de dados, os diferentes aspectos relevantes para o caso.

Com base nestes critérios, no primeiro momento de especificação da procura e do problema (fase 1), o avaliador utiliza técnicas de aspecto muito amplo e baixo custo, como a entrevista, a autobiografia ou lista geral sobre condutas, assim como observação assistemática da situação de exame, escalas de apreciação complementadas por parentes e dados de arquivo do sujeito. Num segundo momento, já na terceira fase do processo (fase 3) é quando o psicólogo planeia a aplicação das técnicas mais custosas, mas mais fiáveis e vão permitir contrastar as hipóteses formuladas sobre o caso.

Quando, num caso em que se requer a mudança de conduta, trata-se de seleccionar as variáveis dependentes (a/as conduta/s problema) e independentes (as variáveis funcionalmente relevantes associadas com elas) é quando se tomarão as medidas de maior exactidão, as quais procederão, e termos gerais, das técnicas de maior custo e especificidade (fase 6). É através destas medidas quando, finalmente, se vai contrastar (fase 7) e seguir (fase 9) as mudanças produzidas como efeito do tratamento.


Comentários

No Processo como Procedimento Científico e suas Variantes, pude entender que o objecto de estudo da avaliação psicológica é o estudo científico do comportamento de uma pessoa ou de um grupo de pessoas e que no início o processo de avaliação era restrito só na aplicação de testes. Existem várias fazes de processos:
O processo em função de metas a avaliação realiza-se em função de quatros categorias de perguntas que são as de diagnóstico, orientação, selecção e tratamento e de mudança.
A primeira fase do processo da avaliação é o diagnóstico, ele facilita a comunicação entre os especialistas.
Na fase da orientação o estudo é feito com o objectivo de ajudar a pessoa a tomar decisões ou estabelecer planos de acção para o futuro.
Na selecção através da informação recolhida da pessoa ou do grupo de pessoas, é possível escolher a pessoa capacitada para ocupar determinado cargo, ou seja desempenhar determinada tarefa. Essa informação é recolhida por um tipo de avaliação que contém suas características próprias.
O tratamento e mudança no comportamento do indivíduo, este intervém na produção de mudanças positivas no comportamento do indivíduo, par, grupo ou ainda organizações.
Apesar de, em todos os casos, a avaliação ter por base um modelo e adequar-se a um procedimento metódico é natural que exista desvios quando se fala em diagnosticar, orientar, seleccionar ou tratar. Apesar de, cientificamente falando, as primeiras três metas classificarem, descreverem e predizerem o comportamento, a intervenção revela-se fundamental para facilitar a explicação destas acções primárias. Desta forma deduzimos que metas distintas requerem procedimentos, também eles, diferentes.
Entendi que o psicólogo também assume-se como um observador participante, recolhendo, por isso, informação acerca do caso. Terá, igualmente que especificar o pedido e criar objectivos para o caso, bem como estabelecer as condições históricas e actuais potencialmente relevantes. Consequentemente, o primeiro objectivo do psicólogo na avaliação psicológica é a de clarificar o pedido, ou seja, entender porque o sujeito vai para o psicólogo. Por outro lado, e visto em muitas situações iniciais não existir objectivos claros, o psicólogo necessitará de realizar uma breve guia de indicações. São elas, o porquê da solicitação da avaliação, o que se pretende com a avaliação e, quais são os comportamentos que, inicialmente, vão constituir o objecto de análise. Enfim com algumas informações da história do sujeito , o avaliador poderá auxiliar-se e contrastar com a história do mesmo.



ANEXO



FASES DOS PROCESSOS CORRELACIONAL E EXPERIMENTAL


Fase 1- Primeiro recolhimento da informação sobre o caso

Especificar o pedido e criar objectivos para o caso, bem como estabelecer as condições históricas e actuais potencialmente relevantes. Entender porque o sujeito vai para o psicólogo.

Fase 2-Formulação de hipóteses e dedução de enunciados verificáveis

Analisar as observações e informações recolhidas, baseadas em dados empíricos devidamente comprovados.

Fase 3: Contrastação inicial

Aplicar técnicas que sejam de acordo com o caso e analisar os resultados, Uma vez comprovadas as hipóteses e verificadas experimentalmente

Fase 4: Resultados: descrição, classificação, predicção e tomada de decisões

Informar sobre os resultados da avaliação e dar resposta aos objectivos e metas propostas. No entanto o trabalho do avaliador não termina aqui, ainda terá de realizar um novo processo de avaliação e modificação experimental

5- Formulação de hipóteses funcionais

Estabelecer as hipóteses funcionais sobre o caso, o que leva a uma selecção comportamentos-problema a modificar e as variáveis relevantes a manipular, como também deduzir predições verificáveis.

6 Valorização do Tratamento:

Plano de intervenção e valorização através do qual se constatam as hipóteses; Selecção e aplicação de técnicas e controlo das hipóteses; Avaliação continua do progresso do tratamento.

7 - Contraste de hipóteses e valorização do tratamento

Re-avaliação do caso; Verificar os dados para se certificar se sustentam as hipóteses inicialmente formuladas; Verificar a eficácia do tratamento.

8- Resultados
Apresentar os resultados obtidos de forma oral e/ou escrita ao sujeito e ou familiares.

9 – Seguimento

Nova avaliação depois de um determinado tempo, desde a aplicação do tratamento. Comprovar de que os resultados se mantêm, o que para isso terá que ter uma nova recolha de dados.

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