Ficha de Leitura II - Telma Ourives [18333]

As técnicas psicométricas e os testes psicológicos subjacentes a elas, tema abordado neste capítulo, revestem-se de grande importância na área da Avaliação Psicológica, pois, são estas técnicas os instrumentos aos quais os psicólogos recorrem quando necessitam de fazer qualquer tipo de avaliação – predição, classificação, diagnóstico, etc. Os testes, segundo Cattell (1890), são instrumentos de recolha de amostras de comportamento de um indivíduo, com a finalidade de estimar um repertório ou inferir um construto psicológico, suficientemente sistemático que possa ser repetido e fonte de comparação. É, pois, com base nos resultados e comparações feitas entre indivíduos que são geradas normas padronizadas, nas quais nos vamos apoiar para tecer comentários, opiniões acerca de determinada pessoa ou grupo de pessoas.

A elaboração deste trabalho revelou-se deveras gratificante, não só pela possibilidade de, mais uma vez, podermos partilhar “pensares e saberes”, mas também porque nos permitiu entender melhor todo o trabalho envolvido na elaboração de qualquer tipo de teste. Quando temos acesso apenas à versão final dos testes, não temos a noção de todo o trabalho e empenho prestado para que se chegasse ali. Pois para que todos, psicólogos ou não, possam aplicar estes testes e fazer ilações acerca de qualquer coisa que se pretenda avaliar, houve quem dedicasse algum do seu tempo a torná-lo possível. Para que um teste seja fiável na sua aplicação, há que seguir uma série de passos e ter em consideração diversos factores, tais como a população alvo a que se destina o teste, o contexto onde deverá ser aplicado, a variável que se pretende medir/avaliar, a clareza e congruência do discurso utilizado e dos itens escolhidos, a possível existência de variáveis parasitas ou não, a validade estatística, entre outros. É, pois, fundamental que, antes da versão final se dar por terminada, se aplique a uma amostra representativa da população a que se destina para obter dados que permitam analisar a fiabilidade e validade dos resultados, numa tentativa de colmatar quaisquer erros atempadamente. Todo o processo envolvido na elaboração de um teste revela-se, na minha perspectiva, difícil e moroso, no qual o mínimo deslize, o mínimo erro ou desatenção pode fazer com que se tenha de rever tudo de novo e começar do início.

No entanto, penso que, apesar de todo o cuidado na elaboração dos testes, não poderemos tomar os seus resultados como verdades absolutas, pois, cada caso é um caso. No meu entender, e visto que o Homem é um ser em constante mutação, é importante observar e analisar cada pessoa individualmente. O ser humano está constantemente a ser influenciado pelo meio que o envolve, mudamos atitudes, comportamentos, formas de estar em prol do que pensamos, do nosso estado de espírito naquele momento, ou mesmo das pessoas com quem convivemos. Ao utilizarmos este tipo de testes, temos que ter em conta que os resultados poderão não ser tão precisos quanto gostaríamos que fossem, uma vez que o ser humano é demasiado complexo para ser “medido”. Os testes não devem ser considerados como avaliadores, mas sim como auxiliares de avaliação.

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